Ufal e Sociedade 245 - Independência do Brasil e Soberania

Entrevista com o pedagogo e historiador, Jailton Lira, do Centro de Educação (Cedu) e do Programa de Pós-graduação em História

Ufal e Sociedade 245 - Independência do Brasil e Soberania

Na entrevista, Jailton Lira analisa o processo histórico que levou à emancipação política em 1822 e suas contradições sociais. Ele explica que, embora a independência tenha rompido formalmente com Portugal, manteve a estrutura econômica baseada na escravidão e nos privilégios das elites coloniais.

“A nossa independência foi muito conservadora, uma espécie de revolução feita por cima. Foi proclamada por um filho do Império Português e manteve as mesmas bases da economia, como o trabalho escravo, que só seria abolido 66 anos depois”, explicou.

O professor também comenta como o Brasil já nasceu endividado, pagando grandes somas a Portugal e à Inglaterra pelo reconhecimento da separação, e lembra que as camadas populares foram excluídas do processo. Ainda assim, resistências populares em várias regiões do país marcaram a luta por participação política.

“O mito de que o povo brasileiro é pacífico e assistiu a tudo inerte não corresponde aos fatos. Pernambuco, Bahia, Maranhão e Alagoas tiveram grandes levantes”, ressaltou. Outro ponto debatido é a apropriação dos símbolos nacionais por diferentes governos e movimentos políticos. Segundo Lira, bandeira e hino são utilizados, muitas vezes, de forma a reforçar uma ideia de Brasil excludente.

“Desde o império até a ditadura militar, sempre houve a tentativa de se apropriar do hino e da bandeira como se pertencessem apenas a uma parte do país. Hoje, setores de extrema direita repetem esse movimento, associando símbolos nacionais a uma elite branca e patriarcal, excluindo a diversidade do povo brasileiro”, avaliou.

Locução: Lenilda Luna
Produção: Cecília Calado
Operação de áudio: Helder Melo
Direção técnica: Edilberto Sandes (Brother)