Ufal e Sociedade 131 - diversidade de gênero e inclusão social
Eloisa Moura revela as angústias de uma mulher trans que tenta manter o foco na pesquisa enquanto enfrenta os desafios da própria trajetória
A pesquisa de Eloisa Moura sobre diversidade de gênero, para o trabalho de conclusão de curso de História, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), orientada pelo professor Elias Ferreira Veras, tem como objeto de investigação como é a abordagem à mulher trans e travestis na mídia alagoana: abjeção ou invisibilidade no Jornal de Alagoas e na Gazeta de Alagoas, na década de 80.
A questão é que o desenvolvimento dos estudos em iniciação científica ocorre ao mesmo tempo em que ela constrói a sua própria identidade como mulher trans, com todos os dramas, redescobertas e busca de aceitação que essa trajetória envolve. É sobre essas questões que Eloísa fala no programa Ufal e Sociedade, que vai ao ar na Rádio Ufal, na próxima segunda-feira (18). Ela cita as pesquisadoras Letícia Carolina Nascimento (UFPI) e Jaqueline Gomes de Jesus sobre a urgência do transfeminismo.
Eloísa entrou na Universidade em um período pessoalmente conturbado, que ela define como um casulo. “Estava lá escondida, sentindo-me diferente, mas sem força para enfrentar os preconceitos e o conservadorismo para afirmar a identidade que sentia dentro de mim, mas não expressava externamente. A primeira vez em que me apresentei como uma mulher trans foi no início das aulas, numa roda de conversa organizada pelo professor Elias. Foi um sentimento libertador e ali mesmo decidi que minha pesquisa seria nessa vivência”, declarou ela.
A estudante está com 27 anos e enfrenta um período bastante conturbado. Ao mesmo tempo em que busca concluir o TCC e encerrar esse período acadêmico, ela sente cada vez mais a necessidade de passar pela cirurgia de redesignação sexual para que seu corpo esteja em consonância com o gênero em que se reconhece. “Sofro com uma grave disforia de gênero, o que me causa vários problemas de saúde, como dificuldade para urinar, infecção urinária, depressão profunda e ansiedade”, revelou Eloísa.
A estudante é paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) e tem acompanhamento psicológico, mas para realizar a cirurgia com mais urgência, ela vai precisar fazer um procedimento na rede privada. Na entrevista, ela fala também sobre a campanha que está promovendo para levantar os recursos. “A fila de espera por essa cirurgia no SUS pode chegar a 30 anos, e a minha situação é urgente, pois se trata de um problema psicológico que tem colocado a minha vida em risco. A única solução possível é a realização do procedimento em uma clínica particular, por isso peço ajuda”, apelou a estudante.
Texto: Lenilda Luna
Edição de áudio: Edilberto Sandes (Brother)